1.2.12

Infinitos efêmeros

Dessa forma o mundo me prova que sou pedreiro. Sou fincado no meu chão.
Não por não sonhar, por não voar. Eu vôo. Mas feito bumerangue.
Minha sina é desmoronar e construir de novo. Me adaptar ao que me deixa.
Na minha vida de eternas despedidas. Delas sempre sou eu quem fica.
Os outros que vão com suas conquistas. Feito flechas, projéteis, satélites.
Me resta esse quadro branco para chorar e lamentar.
Os planos de "pra sempre" recíprocos que sempre têm validade.
Difícil ser eterno em corpo nesse mundo volátil, não é?
Difícil segurar a mão e os dedos. As lágrimas.
A cada manhã em que eu abrir os olhos será um despedida.
Uma dor em cada travesseiro. A cada sexo, um a menos.
A cada beijo, um adeus.
O que conforta é que a Terra gira.
Que a certeza pode tropeçar na incerteza de qualquer instante.
A certeza é instantânea.
O amor cabe no coração e fica guardado.


Nenhum comentário:

Postar um comentário