29.4.11

A República da Farinha – o momento dos grandes partidos políticos brasileiros

A atuação dos partidos políticos brasileiros hoje pode ser explicada através da farinha. Já tivemos o Ciclo do Açúcar, o Ciclo do Ouro, o Ciclo do Café. Tivemos até a versão político-institucional mais chique, mais cheia de fricotes, o café-com-leite, assim com hífen e tudo. Pois hoje vivemos o Ciclo da Farinha. De sacos diferentes, mas ainda assim farinha.

Peguemos os mais encorpados partidos do país e vejamos se a farinha não é o elemento comum entre eles, se não é ela quem norteia os rumos da política nacional. A farinha, unida a doses variáveis de fermento, é a receita geral, ainda que um ou outro mestre-cuca da alta elite culinária prefira a farinha que passarinho não come.

O PSDB segue a receita da vovó estrangeira, que vem e volta ao Brasil de acordo com suas conveniências, mas não gosta muito daqui. De qualquer forma, ela está sempre em contato, enviando sua mais nova receita aos filhinhos tucanos, nova receita que é sempre a mesma. Está caduca ou apenas quer fixar bem seus ingredientes na nossa cabeça? Bondosa. Fato é que o contato é sempre através de cartas, para que venha junto seu cheiro de enxofre, tão agradável ao olfato das aves de bico longo que habitam essas paragens.

A receita do PSDB baseia-se, teoricamente, em fazer o bolo crescer para depois dividir. Mas, cozinheiros amadores que somos, sabemos que em qualquer casa que se preze quem está na cozinha acaba por decidir o quanto quer comer. Se muitos estão ajudando a fazer o bolo, muitos comem, irremediavelmente. Se poucos se fecham a sete chaves na cozinha, fazem um bolo enorme e comem tudo sozinhos.

Mas não veja no PSDB ou em sua avó estrangeira muita criatividade. Com problemas para manter o peso, os tucanos pouco mais fizeram do que deixar mais light a receita usada pelo seu primo DEM, receita essa criada pela querida vovó deste último, a Dona Arena. Essa rigorosa senhora passou a tal receita para o seu filho, o PFL, que repassou para o DEM. Os passos são mais ou menos semelhantes aos da receita do PSDB, mas, para fazer o bolo como prefere o DEM, bata bastante. O bolo da Dona Arena também tem um gosto um tanto adstringente: enrola a língua do vivente, dificulta a fala. E é preciso comê-lo com cuidado, sem estardalhaço e com um ritual determinado anteriormente pelo cozinheiro. Caso contrário o cidadão ficará chocado com o que pode acontecer.

O PT, por sua vez, nunca teve muitas condições financeiras para comer bolo. Comia terra, mas comiam todos. Desde 2001, essa realidade mudou. O PT ascendeu à classe média, e ganhou até o direito a fazer seu próprio bolo. Fez, faz, e tem distribuído os pedaços para mais gente. Mas não deixa mais ninguém entrar na cozinha, e a receita, que pegou emprestada do PSDB, ganhou apenas um pouco mais de açúcar.

E o PMDB? Bom, esse não sabe cozinhar, mas come o que vier. E pede para repetir.

Alexandre Haubrich, jornalista e editor do blog Jornalismo B

5.4.11

pour toi, mon cœur

Eu jamais dei muita bola pra essas datas festivas.
Eu jamais dei bola pras coisas perdidas.
Pros anos que passaram e a gente nem sentiu.
Pros dias em que acordamos
e lá estávamos de braços dados contra o vento que tentou nos derrubar e não conseguiu.
Nem vai.
Te escrevi poemas picantes, blazês e piegas.
Te vivi como irmã e amante; como amiga e mãe; como alegria e saudade.
Saudade essa que sinto todo dia que não tenho a honra de te ter junto a mim.
Poderiam ser duzentos senão nove, seria a mesma coisa.
Feliz sou de estar do teu lado no dia em que o sol te nasce... fechando mais um ciclo.
Te amo do mesmo jeito que a flor ama a abelha, porque ela sabe que, a partir dela, sobrevive em outro galho.
Feliz Aniversário.

3.4.11

aquelas tardes de samba e sol bem longe

quando eu nem sabia o motivo de ser ignorado depois de uma noite em que nem sei o que o samba me fez e depois voltou na tarde do outro dia e que sambei o coração o pé o braço e a sombra daquele passado que nunca foi presente nem futuro do grito preso na ponta do dedo da incapacidade de dar mais que três passos pra frente sem das duzentos pra trás e da fúria daquilo que nunca vai ser o que teve a pretensão de ser por que não era honesto e agora é uma aliança enfiada no dedo de quem cortou os meus porque é tão fácil usar pessoas como se elas fossem camisinhas e como diria o cartola a sorrir eu pretendo levar a vida porque as rosas exalam o perfume que roubam de ti e as horas passam já nem são trezentas