13.7.12

O dia em que o Rock entrou na minha vida?



Não sei.

Uma das coisas mais incríveis da vida é a memória. Dela puxamos a lembrança e disso tudo construímos nossa história. Fazemos isso ininterruptamente. A cada momento a gente acresce nesse enredo uma coisa a mais, um detalhe, um marco. Isso faz com que o sujeito "se crie", como dizem por aí.

É incrível como o tempo nos molda e nos prega peças.

Primeiro é a criança subjugada pelas cantigas infantis, depois a afeição pelas músicas ouvidas pelos pais. Depois o primeiro ídolo, o primeiro disco a primeira canção. Aquele batuque na perna. O pé que começa a bater no ritmo. Roberto Carlos, Leandro & Leonardo, Chitãozinho & Chororó... aquela vibe "não-aprendi-dizer-adeus".

Por que meus pais eram muito de ouvir esse sons melancólicos, bucólicos, antigos etc. Afinal eles são antigos e a história deles foi construía no embalo dessas canções. Da Jovem Guarda, do samba canção, da "música romântica". Fábio Júnior faz minha mãe arrepiar. Meu pai e suas "gaudérias". Eu era essa criança sem norte musical, essa mistureba. De Oswaldo a Oswaldir. De Chico aos sertanejos.

Acho que o meu Rock foi salvo e germinado no meu retorno a Santa Maria. Lá pelos idos de 1993. Dei a sorte de cair num ambiente pós-romântico-sertanejo. A Rádio Atlântida bravava o pop, o punk, o rock maluco de Seatle. Acredito que nasci junto com o Nirvana, com o Alice in Chains. Os vestígios daquele rock de verdade dos anos 1960-1970 juntavam os cacos e formavam um novo Rock. Caí no colo do meu padrinho que era jovem e rebelde e ouvia música. O fato de eu lembrar daqueles pôsteres do KISS colados na parede e da estranheza que aquilo me causava é marcante. Ao menos, hoje, sou fã de KISS. A rádio me mostrou, enquanto  convivia comigo, outro estilo. Era a gestação do Rock em minha vida. Ou era minha vida que ia adiante.

Depois foi esperar o tempo me mostrar as facetas deste way of life. Suas caras e ícones. Descobri que não era só por futebol que as pessoas discutiam. Quando a gente gravava nossas fitas com as seleções (prelúdio do mp3) e disputava quem ouviria a sua durante os jogos de botão, de Stop e outras coisas. Quando a gente colocava som na rua. Isso tudo era Rock. Pelo viés dos vizinhos, éramos subversivos mesmo que sem causa  aparente. A nossa causa era rir, fazer bagunça, botar fogo na lixeira, lutar pelo nosso espaço. Rock'n'Roll.

Hoje o Rock faz parte da minha vida. Muitos Rocks. Muitas caras e caretas dele. Do incompreendido ao da moda, passando pelo clássico.

O Rock é isso: história de vida. Ou melhor, conta nossa história. Com as baladas dos namoricos. Aqueles de bater a cabeça, os de ficar hipnotizado, os de só ouvir.

Porque, à vezes, Rock é só ouvir.

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