9.10.11

saudade

posso pensar em desespero em uma noite no meu do mundo no meio do nada no meio de ondas sonoras toscas que fazem com que eu pense interruptamente naquele momento em que te abraço no momento em que te encontro naquele momento em que a fábula é só uma linguagem literária que o teu cheiro encontra o meu em que a gente se abraça e fica tudo tão feliz?

6.10.11

as cartas da última gaveta da cozinha

vou jogar fora vários pares de meias
cortar as calças velhas
deixar curtas
como bermudas
limpar o baleiro

vou jogar fora os drops velhos da vida
pedaços daqueles dias frios
traços daqueles esquadros rabiscados a carvão
do tempo que o preto era contraste
quando o branco era penúria
o apito do trem era distante
quando a largura da cama não variava
não existia escova de dente reserva
quando a insanidade era não te falar
vou jogar fora todas as cartas que te escrevi
que dormiam no fundo da última gaveta da cozinha
delas não preciso mais
elas não superam o toque do teu nariz no meu

(para Carolina Reichert)