18.6.11

A marcha propositalmente sem fim


Sábado de sol. Um dia depois de outro em que um dilúvio caiu em Santa Maria e na minha cabeça. Uma sexta-feira quase treze - com direito a Jason e tudo. Acordei zoado de uma noite cheia de cerveja e um rock quase bom. Aquela comida requentada da madrugada ainda se remexia dentro do meu estômago.

Tudo bem, passou. É outro dia. Dia da Marcha da Liberdade.
Eu, como jornalista, ou quase isso, não podia deixar de estar presente.
Algo de tanta repercussão no país por conta de muita confusão em São Paulo advinda da marcha da maconha. Esta que, agora, está liberada oficialmente. É legítima por lei.

Mas não é disso que eu queria falar.

Fui. Assim como tantos outros que estavam lá, com a curiosidade e quase uma desesperança de que seria um movimento uníssono de uma causa. Talvez essa curiosidade e, até, pouca infirmação, fez um grupo, de quase duzentas pessoas, se reunir na concha acústica do parque Itaimbé.

Maconheiros, viados, lécas, artistas, chimarristas, sambistas, jornalistas, vereadores, trabalhadores e todos os estereótipos possíveis estavam lá por uma causa. Uma causa calada e velada há tempos. A causa de se fazer presente, de mostrar a cara, de gritar e fazer barulho para que suas causas de vida fossem ouvidas.
A questão não é a maconha, não é a sexualidade.
Essas coisas estão cravadas na sociedade, ninguém tira. O que se queria ali era chamar a atenção para que o mundo, ou quem legisla, pense em um coletivo e não na sua ideologia caquética e enferrujada.

Estar na Marcha da Liberdade fez pensar, apesar umas cervejas, que a vida não precisa ser assim tão sem brilho, sem barulho, sem shake-your-body.

A marcha foi pela liberdade de expressão, pela liberdade de SER.
E ser é importante.
Ser é o que nos mantém vivos e pensantes.
Faz com que a gente acorde e vá ao banheiro, olhe no espelho e diga bom dia.

Vida é marcha sem fim - ou com um fim que é a morte.
Enquanto não morrermos, estamos lutando.
Por amor, por carinho, por reconhecimento do que somos.

E o que somos é nosso e ninguém pode proibir.

*fotos da queridona Carolina Cornelius Reichert

2 comentários:

  1. Belo escrevendo meu amigo, tb estive na marcha em Porto Alegre e tive estas mesmas sensações que vc bem descreveu...

    Já to seguindo o teu blog, estamos juntos na labuta e na poesia!

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  2. Aeee Kareka! Gostei da tua interpretação da marcha. Agradável texto.

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