27.12.09

O guri e a galinha

Estou fazendo um retiro/fuga/pseudo-isolamento na casa de meus pais em Itaara.
Tipo "vivendo a minha vida" da maneira que ela se apresenta.
Aqui é um misto natureza-civilização ainda não muito bem definido.
Agora são 07:05 da manhã e estou acordado por diversos motivos. Alguns insetos não me deixaram dormir, o ventilador, no máximo, faz um barulho de turbina de avião (e eu odeio aviões), o vento do ventilador na minha cara era muito forte (dormi no quarto do meu irmão e ele prefere o ventilador no nível máximo) e deixava o lençol gelado, deu fome enquanto tentava dormir, quando peguei no sono meu irmão levantou pra ir ao banheiro (e nisso já era quase dia) e os passarinhos começaram a se mexer e cantar (tipo "vivendo suas vidas") e um vizinho toca música eletrônica bem alto. Noite chata, feia e boba.
Mas fora esse pequeno detalhe, não é tão ruim assim. Na cidade a gente fica um pouco preso no barulho dos carros e no cheiro de esgoto. No pó de cimento e na nostalgia de quando éramos crianças e nada disso era problema. Há uns 15 anos atrás eu jogava bola na rua, "gostava" das amiguinhas, invadia construções pra fazer aventuras malucas e perigosas (esse era um grande conflito existencial entre eu e minha mãe). Depois eu cresci um pouco e bebia e fumava e conversava com meus amigos na rua durante a madrugada. Mas sempre no cimento e no asfalto.
Mas juro. Juro. Durante todos esses vinte e seis anos de selva de pedra nunca tinha visto uma criança passear com uma galinha embaixo do braço.

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