Os cachorrinhos que moram em apartamentos são felizes. Eles comem, bebem, ganham carinho dos donos. Não têm problemas. Não sabem que foram privados de viver uma vida em meio a Natureza. Grama, sol, mosca, passarinho. Eles simplesmente estão lá. Dormindo, comendo e latindo pra quem passa em frente a porta.
Eu gostaria muito de ter sido um cachorrinho de apartamento. Peludinho, cheiroso e babão. Não gostaria de ter sido apresentado à felicidade de poder voar, de amar, ser amado e fazer planos eternos. Uma igreja caiu sobre mim, um avião arrancou meu medo de altura e uma espada me feriu mortalmente o coração. Fui grande, dei grandes passos adiante. Fui pequeno e fraco ao ponto de caminhar o dobro de volta. Não aguentei. Não me aguentaram. Foram fracos, covardes e egoístas comigo. Foram incompetentes tanto quanto eu. Mas eu estava só no começo. No começo do começo.
Vai, dois mil e nove, e leva contigo todo esse terror que causaste na minha vida. E na vida de tantos outros que nem posso contar.
Vem, dois mil e dez.
Que sejas bom e construtivo desde teu primeiro segundo.
Eu mereço. E tantos outros que nem posso contar.
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