3.10.06

Conto: ...

estavam conversando à beira da lareira sobre como era difícil amá-lo.
meia hora de discurso sobre como ele é esquisito, bem mais esquisito que ela. mas ela apaixonara-se por ele.

ele tinha todos os defeitos do mundo, mas havia horas em que se tornava um rei. completamente dono de toda a cultura da existência da vida na Terra. sempre se vangloriava de seus feitos em outras vidas. dá show em qualquer evento. domina todas as línguas, quem sabe até as dos animais, porque não?

ela é meiga. sorridente. falante. pensante. pulante. SALTITANTE de vida. vê sempre algo de bom em um desastre. sofreu a vida toda de amor. um dia resolveu parar. desligou. murchou. o encontrou ali sentado. estendeu a mão. ele sorriu. aceitou o afago.

ela mal sabia o que ele planejara. trocou a blusa. botou uma amarela. o perfume mais perfumado dos perfumes que a fazia planar sobre o chão.

ele sabia o que tinha planejado. disse adeus para seus livros, seus quadros e para sua música linda que soava alento à sua dor. lembrou de toda a angústia e sofrimento que sentiu devido aos encontros mundanos. foi ao lugar marcado.

amo você, disse ela.

eu não amo você. e não quero amar você. não vou conseguir amar você da mesma maneira.

disse adeus. e pulou.

depois de muito vinho e lenha queimada, chegou-se à conclusão de que pra ele era mais difícil ser amado do que amar. e isso ele não pode suportar.

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